quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Violeta: A Flor da Paixão




“Ela se colocou por trás, chorando aos pés de Jesus; com as lágrimas começou a banhar-lhe os pés. Em seguida enxugava com os cabelos. Cobrindo-os de beijos e os ungia com perfume” (Lc7,38).

O Amado apaixonou-se
Por ti e por todos nós
Fez-se homem no seio de uma mulher
Para experimentar o que somos
Para que sejamos o que Ele É

Amou-nos com amor divino
Apaixonou-se por ser também homem
Para cumprir um Divino Plano:
Que nos apaixonemos por Ele
E cuidemos dos seus, entre nós

És a Flor da Paixão
Exalas o perfume mais precioso
Que Deus preparou ao mundo
Para que o conheçamos a fundo

Choras diante do sacrifício
Tuas lágrimas banham os pés do Senhor
São lágrimas do profundo amor
Que Ele te doou
Pela Paixão do Mundo

Em teus filhos acolhes o Senhor
Enxugando-lhes as lágrimas
Perfumando-lhes com teu ser
Beijando-os como a um filho, um irmão

Violeta da cor de Gema
Da cor da Paixão
Filha de Paulo
Irmã Peregrina da Paixão
És sinal de Cristo aos Passionistas, teus irmãos!

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Exílio... O Caminho Chama...


Junto aos rios de Babilônia nos sentamos e choramos, com saudades de Sião. Nos salgueiros de suas margens penduramos nossas harpas” (Sl 137,1-2).



Quantas vezes estivemos às margens

Do rio de nossas lágrimas?

Sentados e com os olhos embaçados

Chorávamos e queríamos chorar!

Era sofrer da busca

Era angústia da distância...

Não poucas vezes pediam:

“Cantem, enxuguem as lágrimas!

Não fica bem demonstrar tristeza!”

Mas como enxugar um rio

Que se formara de dentro?

Como dizer a coração:

“Cale-se, não sinta?”

E queríamos desistir...

Pendurando nossas harpas

Feito cantor, cansado, sem inspiração

Pássaro ferido, sem ninho

Como aquelas notas, sem canção

Mas o caminho chamava....

A missão inquietava...

E aquela mão estendida...

E aquela terra seca...

Continuavam lá...

E ouvíamos como que gemidos

De um povo de Deus-Libertador

Que nos escolheu, nos chamou

Que permite que choremos

Que nos arrependamos, às vezes

Mas que ouve

E Deus que ouve

Sente...

E desce...

Outras vezes choraremos

Outras vezes estaremos às margens

Deixando chinelos e cajados...

Mas todo rio corre

Todo rio se renova

Novos aquedutos...

Não poucos os canais...

E nos levantamos

Caminho chama...

Às Margens deste Rio


"Junto aos rios de Babilônia nos sentamos e choramos, com saudades de Sião.
Nos salgueiros de suas margens penduramos nossas harpas” (Sl 137,1-2).

Às margens deste rio que passa por mim, penso no rio de minhas lembranças que vai em aqueduto, desviando-me do curso que me leva à paz de teu seguir. Com experiências revividas de meu exílio cotidiano, fixo minha atenção na historia de um povo de Deus libertador e o seu sofrer me inquieta...

Quantas vezes estivemos às margens do rio de nossa Babilônia? Quantas vezes o vimos caudaloso pelo sangue derramado pelas guerras inúteis? Quantos litros de petróleo valem uma lagrima de uma criança em meio a um bombardeio? Quantos milhões poderiam pagar a perda de um filho? Se existem respostas e você as têm, guarde-as. Para mim a resposta fica no ar e sobe como incenso de pólvora até o céu. E se existe um Deus da guerra, que ele ouça as preces sanguinárias de seus seguidores, dizendo que chega de tudo isso.

Queremos que este rio, que estas águas sejam fonte da vida, como no Princípio. Que dela surja a esperança de uma nova vida na Terra. Queremos nos banhar nestas águas, percebendo que elas já não são as mesmas e que há muito foram purificadas.

Como sinal de arrependimento, choremos às suas margens, adubando este chão de contradições e desigualdades e fazendo dele chão fecundo, terreno próprio para germinar a nova vida. Só assim poderemos cantar nossos hinos de amor e gratidão. Não como folclore para se ver, mas como manifestação viva de nossa alegria e fé na vida que brota do Trono de Deus.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Unção em Betânia: Aos pés do Amado!


“Então Maria levou quase meio litro de perfume de nardo e muito caro. Ungiu com ele os pés de Jesuse os enxugou com os cabelos” (Jo 12,3).

Viver longe de qualquer sofrimento parece ser cada vez mais atrativo. Tudo quanto for possível, no intuito de afastar um sacrifício, torna-se válido e prudente. E se acaso sabe-se de alguma situação desagradável – quanto desespero se não se pode evitá-lo. Falta-nos aquele espírito que nos inspire uma configuração perfeita com o Senhor que caminha para o Calvário, sem desviar-se...
No primeiro dia daquela semana, a última de Jesus, estava ele num jantar, quando uma mulher resolve expressar todo o seu amor, ungindo-o com especial perfume. Segundo o evangelista João, esta mulher que não tem nome nos sinótico Mt 26,7; Mc 14,13; Lc 7,37, é Maria, a irmã de Marta e Lázaro. Este gesto que será também contado em sua memória (cf. Mt 26,13; Mc 14,9), leva-nos a refletir acerca de nossa atitude com o Bem Amado, quando da proximidade de sua Paixão.

Vale lembrar que Maria deveria estar senvindo e não entre os convivas, visto que só os homens deveriam estar à mesa, como era de costume. Mas quem pode conter-se quando o Amado está por perto? Quem é capaz de não prostrar-se em adoração diante de Jesus que se deixa ver e tocar? E não foi diferente. Todas as barreiras foram vencidas. É preciso estar aos seus pés. É preciso ouvir Dele, qual é o nosso lugar...

Aquela mulher, certamente, jamais esqueceu o olhar com que o Cristo lhe mirou o mais profundo de seu ser: desvendando segredos, curando traumas e situações difíceis, como só Ele pode fazer. Imaginemos com que ternura Ele afagou seus cabelos, redimindo todo o seu pensar e todo o seu agir, libertando-a das inúmeras caricaturas que lhe fora apresentadas como imagens suas, turvando a busca verdadeira de um Cristo amante que se esvazia de seu ser igual a Deus para derramar-se sobre todos os seus amados, seus irmãos (cf. Fl 2,5-11).

Em nosso caminho para o Calvário, precisamos nos encontrar com o Amado de nass’Alma. E diante Dele e a seus pés, derramar toda a preciosidade de nosso ser em busca do que seremos Nele e por sua Sagrada Paixão. A seus pés não há ciência que nos auxilie, não há catequese que nos ensine, não há palavra que nos interprete. Há apenas o adorar sem tempo, lugar ou formas. Há, apenas, o encontro verdadeiro entre pessoas íntegras por essência: o meu Eu, despido dos condicionamentos e máscaras sociais e um Tu, que se traduz num Eu-Humano-Divino, revelado em sua essência divina, tal qual o é o Deus Trino. Aqui, trava-se um diálogo entre duas liberdades: a nossa, pois diante dele somos totalmente livres e a Dele, como fonte cristalina de nosso ser mais pessoa e mais divino pela semelhança que nos garante a dignidade de filhos.

Segundo o Evangelho de Marcos 14,3, a mulher “que quebrando o frasco” se dirige a Jesus. Isso parece nos indicar significativo ato de quem se abre à ação de Deus, de quem vai para a oração com tudo o que tem e é; não se apegando às dificuldades e situações sombrias, quebrantando o coração diante de Deus – uma vez que Deus não resiste a um coração quebrantado (cf. Sl 34,18) – para no mais profundo silêncio do corpo, mente e coração, gritar a Ele o que realmente nos falta para sermos seus seguidores até a cruz.

Os aspectos da misericórdia e do perdão são acentuados por Lucas 7,37, ao apresentar a tal mulher como uma “conhecida como pecadora”. Neste episódio ela “se coloca por trás, chorando aos pés de Jesus; com as lagrimas começou a banhar-lhes os pés (Jo 7,38). Em seguida os enxugou com os cabelos, cobrindo-os de beijos e os ungia com o perfume”. É um ato de total despojamento diante de Jesus: as lagrimas expressão seu absoluto arrependimento que chega aos pés de Jesus – Ele ouve nossas preces, Ele sente nossas lagrimas de arrependimento – Ela enxugou seus pés com os cabelos, colocando toda sua dignidade à disposição do Amado: não há vergonha ou receio de rejeição; o amor fala mais alto do que as convenções sociais. Precisamos superar nosso orgulho, nosso medo do ridículo e abraçar, de fato, a causa pela qual nos decidimos. Nada pode nos desviar do caminho de cristificação ao qual o próprio Cristo nos chama.

Por fim, sejamos como óleo derramado e de valor incalculável, com o qual preparamos os corpos dos Cristos de nossos tempos, os pobres, que caminham que para o Calvário de suas vidas. Sejamos o beijo que não trai (Lc 22,47-48), mas nos serve de sinal de comunhão com o que vai acontecer... Nem sempre teremos tempo para dizer que amamos, que esta ou aquela pessoa é importante. Esta pode ser a minha última chance de amar, de dizer o bem, de ser mais de Deus, de me arrepender, de ir para além de mim mesmo, de superar dificuldades por amor ao Amor que me amou. E por fim, ouvir Dele mesmo a aprovação deste ato: “Deixe-a. ela guardou este perfume para o Dia do meu sepultamento” (Jo 12,7).

















quinta-feira, 25 de março de 2010

Face a Face

"Deus falava a Moisés face a face, como um homem fala com seu amigo" (Ex 33,11).

Tive uma experiência com Ele
eu também o vi face a face
e tive a vida preservada

Caminhavamos juntos (os dois)
sem interesse de quem eramos
nem para onde iamos

Paramos um pouco
e pouco a pouco pude perceber
que era Ele quem me falava

Tirei as sandálias dos pés
dei-lhe os fardos que carregava
fiquei nu diante dele

e não senti vergonha
porque não se pode sertir receio
de estar diante de sua própria essência

Tive como que um súbito...
e dei-me conta de que sou para além...
que o que me habita é mais eu do que eu mesmo

Não tenho medo
quando os contrários se elevarem
ficarei de pé

Mirando-os "com olhos laços!"
estarei comigo, pensando Nele
direi tudo o que aprendi

Jamais serei apenas eu
depois daquele encontro...
depois daquele olhar...

Contemplei à frente e vi
era como que uma raseira
com flores novas e sempre vivas

Era toda a beleza
e a beleza toda do mundo
experimentada ali...

Contemplei por um tempo a mais
e em nenhum instante deixei de contemplar
"olhos nos olhos" - encontro de dois a dois

quarta-feira, 10 de março de 2010

Ser Passionista


Ser passionista é, sobretudo,
Ser "Memória da Paixão"
É trazer no coração
Os sentimentos de Jesus

Ser Passionista é abrasar-se de amor
Queimar-se todo em louvor
E jamais esquecer...
Que ele por nós se entregou

Ser Passionista é ser contradição
Olhar firme quem faz opressão
Dizer-lhe calma e serenamente:
Este sofredor é nosso irmão!

É olhar o mundo amorosamente
Como aquele Pastor que serenamente
Contempla o rebanho
Com o cajado na mão

É ser presença de Cristo
Ser Eucaristia em vida
Na doação e alegria
Dos que sabem em quem acreditou


Ser Passionista é sofrer
Por amor Àquele Amor
Que nem a cruz findou
Pois dela se derramou

E Eu que nada sei do Senhor
Peço-lhe este grande favor:
Faça-me uma testemunha
De teu Amor sofredor

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Sementes do Mistério


Se a verdade é a resposta
Por que o engano
A falta de honestidade
O crime insano?

Se aprendermos perdoar
Por que tanto rancor
Tanta vingança, estratégias para matar
Tanta maldade: ele deve pagar, sofrer e chorar?

Se somos inteligentes
Então onde está
A capacidade de perceber, que é preciso amar
Deixar bobagens de lado e juntos caminhar?

Até quando vamos ficar
Esperando um milagre que não vai chegar?
Se queremos paz, devemos plantar
Sementes do mistério, que tudo faz brilhar

Se vive eternamente a esperança
Vamos então desfrutar
Buscar seus frutos, para a vida melhorar
Amar o outro, sorrir, buscar o que HÁ

Se o sonho existe
Não faz sentido desanimar
Enquanto vida existir, vale a pena acreditar
Que as contradições vividas, à felicidade nos guiará.
.
(Ir. Isaac Oliveira, CP)